17.9.08

Quem somos nós realmente?



Depois de uma conversa com um amigo fiquei pensando no quanto há de nós nas mentiras que contamos, nas fatos que fazemos questão em esconder, na imagem que montamos de nós mesmos.
A rápida conversa girou em torno da verdade em torno dos perfis falsos que as pessoas criam (no Orkut por exemplo) no intuito de deixar visível o que achem que deveria ficar escondido. Agora, o que é mais relevante em relação a isso? O que a pessoa esconde ou a necessidade que a pessoa sente em mostrar o que acha que deveria manter em sigilo?
Revelar seu “dark side” através de um fake acaba sendo criar uma mentira para revelar uma verdade. Verdade essa que fica escondida por algum motivo relevante... medo, vergonha, insegurança. Mas se revelar através de uma mentira como essa acaba sendo uma mentira para quem usa desse subterfúgio.
Aquela sensação de alívio por deixar disponível o que se pensa sem que quem pensa seja revelado.... (mais ou menos como esse blog)
Isso me leva a pensar no quanto gostamos de ser enganados!! (talvez mais até do que quanto gostamos de enganar...)
E não é preciso criar um fake num site de relacionamentos... criamos fakes o tempo inteiro nas nossas vidas.
Ninguém é o que parece, mesmo porque ninguém sabe realmente o que é.
Acho que pra não sofrer a gente cria aquele ser que vai receber os elogios, cria aquelas máscaras para esconder nossas vergonhas e sufoca aquele ser ridiculamente romântico num porão qualquer da nossa existência.
Mas cansa... certas dores simplesmente existem em nós, não adianta corrermos delas.
Nossos fakes são tentativas desesperadas de provar a nós mesmos que somos capazes de abstrair as tristezas e a reprovação. Por que é tão importante ser aprovado???? É uma busca meio imbecil e desmedida pela perfeição. Chegamos a um ponto tão patético que criamos personas perfeitamente condizentes aos nossos defeitos para que os defeitos tornem-se simples características. É uma confusão meio assustadora mas, ainda assim, mas confortável que a verdade.
E a verdade?
Talvez ela esteja na frieza desse mundo, no lado podre dos nossos desejos, nos fakes que inventamos e em como acabamos por acreditar neles. O problema é que mais cedo ou mais tarde a gente se trai, porque mesmo com esse medo todo de viver a entrega, carregar um personagem pode ser pesado demais.... e a gente fraqueja. E talvez a gente tenha medo de se entregar por um simples motivo: a gente não se tem. Na realidade nós não estamos aqui, estamos em busca de um lugar seguro do exato tamanho da nossa mediocridade e do nosso medo. E o perfume que usamos é a vergonha da nossa essência, e esse charme temperado com despretensão é puro medo de demonstrar nossas fraquezas.

E quem nós realmente somos??? Talvez sejamos simplesmente necessidade... e medo!

Quando as folhas coloridas do Central Park adornam as calçadas de Copacabana




Ou
Essa gente que insiste em procurar a redenção onde ela não está (mas onde pode ser vista com uma nitidez brutal)

Terça-feira, sessão das 18:30, pouca gente no cinema, ótima companhia e um filme que me pareceu dois.
É fácil entrar no cinema, assistir a um filme e gostar ou não gostar. Agora, entrar no cinema, assistir a um filme e não ter certeza... me deixa um tanto alucinada. E foi isso que senti ao final da sessão de Os Desafinados.
Momentos de um didatismo enervante seguidos de uma poesia simples (mas nem por isso menos encantadora). Uma breve, porém forte, referência a Ditadura Militar que é chocante principalmente porque nos mostra o quanto somos ignorantes sobre esse período da nossa própria história, ainda mais sobre o aspecto humano dos acontecimentos. Amores, paixões e música...
A trilha sonora é personagem, em momentos faz seu papel de acompanhar e dar emoção aos acontecimentos, mas em outros momentos é o próprio filme. Simplesmente se basta.
Sobre serem dois filmes em um...
O primeiro retrata uma história dos amigos que juntam o sonho da música com o sonho americano e encontram paixões sob os olhares das folhas coloridas do Central Park com momentos de fossa em pleno Rio de Janeiro. Um romantismo meio piegas mas envolvente.
O segundo é uma grande menção aos jovens que mudaram as suas vidas transformando a música brasileira. Alguns lançados ao estrelato e a maioria voltando ao anonimato ao chegar ao fim o movimento Bossa Nova. Um romantismo de idéias.
Os dois juntos causam aquela dúvida se é um filme alegre ou triste, se é realidade ou ficção, se é uma história de amor ou uma coletânea de desilusões ou simplesmente o retrato nostálgico e melancólico de uma geração.
Sendo tudo isso, ou quem sabe nada disso... sem dúvida nenhuma é um filme de vale a pena ser assistido (e analisado!) e acho que o timing foi perfeito... afinal, depois da exposição na OCA , foi como continuar no clima de celebração a esses artistas brasileiros que conseguiam como que num passe de mágica colocar toda poesia que existe num número incrivelmente pequeno de acordes.

De repente descobrimos que só andamos por caminhos previamente traçados e que até pra isso nossas pernas tornaram-se permanentemente reféns de escadas rolantes, elevadores e afins.
E aquela felicidade que tinham nos prometido e que estava prevista para os momentos de paz e harmonia junto com as pessoas que amamos foram trocados por coisas que o dinheiro pode comprar.
A plenitude virou sapato, bolsa, gadgets ou qualquer outra coisa que distraia a nossa atenção.E os amigos de festa tomaram o lugar dos bons amigos porque notamos que até os bons amigos desapareceram quando a festa acabou.
E gastamos as nossas vidas contando calorias, queimando gorduras, alisando cabelo, comparando as pessoas e seguindo padrões não fazem sentido e custam a infelicidade coletiva.Corremos na esteira indo a lugar nenhum...
Pedalamos uma bicicleta que não sai do lugar...
Gastamos horas no trânsito encarando a mesma paisagem sem nem mesmo notar que estamos parados!
Não sobra tempo para notar que nos alteramos, nos renovamos, nos inventamos e reinventamos pra conseguir acompanhar um mundo que não acompanha as nossas necessidades.
E quando procuramos alguém pra nos ouvir, só encontramos pessoas tão carentes de atenção quanto nós mesmos.
Quando procuramos um ombro amigo, encontramos mais uma cabeça a ser escorada.
Quando pensamos que finalmente chegou a nossa vez... descobrimos que a fila é imensa e que somos apenas mais um dos que querem mandar o mundo pra aquele lugar!!!

Despedida...


A gente nasce e aprende que nada vem de graça nessa vida. Acho que provavlelmente essa seja a nossa primeira lição.
Aprendemos que para ganha a atenção, o carinho, a comida de que precisamos temos que pagar nossa parte em berros e lágrimas.
E fazemos isso pelo resto da vida.
Mas chega uma fase em nossas vidas (pelo menos para a maioria das pessoas), que chorar e berrar já não é o suficiente.
Nossa moeda acaba sendo o adeus.
Dizemos adeus aos nossos pais quando buscamos liberdade, dizemos adeus ao que acreditamos ser o nosso lar para ganhar o mundo.
Pulamos de despedida em despedida e espalhamos acenos muitas vezes acompanhados por lágrimas pelo nosso mundo.
São separações, muitas vezes definitivas, que precisamos enfrentar... seja pra realizar um sonho, alcançar um objetivo ou simplemente sobreviver.
Muitas vezes, para tentar não sofrer dizemos adeus a nossa própria condição humana.
E tentamos nos anestesiar na falsa esperança de não sentir dor.
Mas nos despedir de nossos próprios sentimentos pode ser mais doloroso ainda pois, pode ser uma maneira de nos despedirmos da nossa própria paz.
E falamos tchau pra amigos, acenamos um adeus para lugares, nos separamos do que nos é importante.....
Dessa forma vamos dizendo adeus ao nosso tempo e lentamente nos despedimos da nossa vida...

Arde!!!


Olhava aquele rosto na foto como quem olhava algo santo e ao mesmo tempo maldito.
A boca seca e a sensação de não poder mais respirar.
Cabeça zonza, pensamentos confusos e uma impressão de dor que não é dor, é a chama que consumia seu momento.
Saudade...
Escutava a música com as próprias lágrimas e embalava o coração na batida de compassos que já se foram.
Suspirava acordes perdidos e escrevia a trilha sonora perfeita para a chama que consumia seus sons.
Saudade...
Escrevia longas cartas, descrevendo memórias, discorrendo lembranças.
Palavras soltas, aperto no peito, sensação de abandono num roteiro que contava a história da chama que consumia sua poesia.
Saudade...
Encarava o espelho estranhando o rosto que via.
Media o arrependimento, chorava a distância, tentava alcançar o nada e repetia entredentes o nome do combustível da chama que consumia seus momentos, seus sons, sua poesia...
Descobria então que saudade não dói... ARDE!!!

Das coisas que guardo em mim...


Guardo em mim fada encantada capaz de realizar todos os teus desejos
Aquela que declara o amor incondicional e só tem olhos, ouvidos e vida se for pra você.
Guardo a mulher insegura, que mais que temer não ter teu amor, teme o desprezo e a indiferença.
Guardo a louca que preenche os dias vazios com fantasias da tua presença.
Que te adora e que faz da tua ausência a única companhia.
Guardo a menina que cala por ser covarde demais.
Guardo a garota que sonha, simplesmente por não ser capaz de viver.
Guardo aquela que te desenhou perfeito e te criou longe das falhas e vicissitudes.
Guardo quem guarda um amor que transcende os limites da razão e da existência.
Amor que você teima em afastar com sopros de realidade...

13.9.08

Achei



Uma vez eu achei que tinha certeza do que eu queria, estava completamente errada.
E achei também que as pessoas realmente se interessavam pela beleza interior, que sendo boa, legal, solícita, companheira, culta e dedicada poderia me tornar uma pessoa interessante.
Eu também estava errada, deveria ter investido mais do meu tempo em cultivar uma cintura fina, uma bunda empinada e um belo par de peitos.
Achei que estava cercada de grandes amigos, descobri que fui uma boa amiga pra vários, talvez até grande amiga pra alguns.. mas a contrapartida... prefiro nem fazer as contas, pois sei que também nesse aspecto da minha vida acabo perdendo.
Achei que nunca ficaria sozinha. Sim, eu tenho uma forte tendência a me iludir.
Achei que poderia escolher simplesmente não sofrer.
MENTIRA!
Achei, ou melhor, decidi apostar na certeza de que quem eu amava (ou amo), merecia todo amor, carinho e admiração que eu dedicava a ele.
Mais um grande erro.
E imenso desperdício de tempo e sentimentos.
Achei que minha presença faria diferença, depois achei que a minha ausência faria. Descobri que muitas vezes simplesmente não faço.
Achei que o sucesso era a recompensa por um trabalho bem feito, e que ele vinha acompanhado de reconhecimento. Descobri grandes talentos extremamente esforçados, mas eternamente anônimos.
Achei que uma pessoa não poderia querer machucar outra deliberadamente e sem ter um forte motivo. Fui surpreendida pelo fato que tem gente que faz isso por diversão.
Já achei que felicidade fosse recompensa, também já achei que fosse destino, cogitei a idéia dela ser o caminho, consegui acreditar que fosse recompensa, pensei que poderia ser acidente ou incidente, questão de escolha, golpe de sorte, fator cármico, momentos, trajetória, estilo de vida, opção, roteiro e trilha sonora.
Hoje, tento não achar mais nada, porque acho que já nem tempo mais tenho pra isso.