19.7.09

Quantas músicas cabem numa foto?

Quantas imagens cabem numa música?

Essas perguntas sempre me perseguem e povoam minha mente afastando as coisas nas quais não quero pensar a respeito. Recorro a música e a fotografia para espantar meus fantasmas... afinal... continuo acreditando que a arte é o melhor remédio pra alma!!!
Vou saindo de fininho agora... tenho muita coisa na cabeça, mas nada que eu possa colocar aqui neste momento...
Mas deixo a música que gostaria de captar numa foto...

Mosaico Abstrato
Nando Reis

Todo sonho é feito de estilhaços
Do que o olho crê
Que a imagem
Faz no espaço,
E o tempo encontra
No ar que passa
Invisível,
Peso e cor

Todo encontro é o jeito do acaso
Achar no sonho
Uma miragem
Onde o oásis
Água inventa
O mar do nada é
Impossível
Erro e dor

E o que estava longe está aqui
dentro e tão perto
De um jeito tão certo que só cabe mesmo em mim
Beijo e abraço
No tempo que passa
Lento e à jato

No gesto que toca
A gente na alma
No modo, dois jeitos
Mas diferentes
É que somos
Iguais

Livros lidos
Discos preferidos
Filmes vistos
Sempre
Um
Sinal

Indo e vindo
vivo ouvindo
O instinto
Mesmo quando
Eu não entendo nada
Eu não entendo nada
E eu não entendo nada
Só o que diz
O lábio no beijo
No sopro
A paixão

ps.1 Ouso dizer que Nando Reis escreveu esta música pra mim. Vou me presentear com o direito de acreditar nesta ilusão!!!

ps.2 Foto do show do Nando Reis no Citibank Hall aqui em Sampa - 27/06/2009

29.6.09

Parte 1 – O Ato!


Por estas coincidências do destino acabei indo a sessão de estréia do filme Jean Charles que aconteceu há algumas semanas no Cinemark do Iguatemi aqui em Sampa...
Acho válido dizer que a comida estava ótima, ver e conversar pessoas que vemos normalmente nas telas e/ou nos palcos sempre cause um certo frenesi, estar no lugar onde o que estará nas páginas referentes a cultura dos jornais no dia seguinte é sempre interessante, mas a parte interessante se restringe a isto. O astro principal da noite, o filme, definitivamente não merece a atenção dada a ele.
Tá, eu sei que o Selton Mello está nele e que ele tem provado ser uma das estrelas do cinema nacional. Não posso negar que o Luis Miranda e a Vanessa Giácomo fazem a parte deles, mas é só isso. Quer ver Selton??? Assista Meu Nome Não é Johnny. Luiz Miranda??? Assista Bicho De Sete Cabeças. Vanessa Giácomo??? Ela deve estar fazendo o papel de “Cabocla” em alguma novela da Globo.
O filme é uma sessão interminável de planos abertos, ação arrastada, trilha sonora nada interessante (com exceção a participação do Magal!!!), e um show de horror em matéria de casting. A idéia brilhante do diretor foi misturar atores com pessoas “normais”, os próprios amigos e familiares do Jean Charles que falham vergonhosamente em ser eles mesmos. O que era pra ser dramático virou cena de filme trash, principalmente a cena do velório.
Enfim, este foi o filme e o ato, mas como dizem que todo ato traz uma conseqüência, lá vem ela na parte 2 do post. Vamos a parte filosófica do filme e da história!!!!!! Mas isso só mais tarde....


ps. Melhor da noite... cantar Meu Sangue Ferve Por Você para o Magal no meio de todo mundo e ganhar um abraço apertado e um beijo do Gero Camilo!!!!!!!!!

28.6.09


16 dias desde o último texto publicado...
Ao mesmo tempo em que acho que não tem nada significante acontecendo na minha vida, descubro que muitas coisas aconteceram, então... hora de escrever!!!!!
Não acho que meu talento literário seja o suficiente para falar da estréia do filme Jean Charles, de um convite que recebi da Fernanda Montenegro, da inveja que senti de alguns colegas que foram pra Europa (com tudo pago), da minha decepção comigo mesma, do quanto não agüento mais meu trabalho, do espetáculo Beatles Num Céu de Diamantes, da minha saída de um lugar que eu demorei demais a perceber que não era mais o que eu imaginava, do jogo da Liga Mundial, do mais novo cd do Nando Reis e do show perfeito que assisti e da parte mais devastadoramente triste dos últimos dias... a morte de um ídolo....
Enfim.... tudo isso num só texto para um ser humano cuja prolixidade é apontada todo santo dia... impossível!!!!
Portanto.... vamos por partes e não necessariamente seguindo a ordem dos fatos.......
De qualquer forma.... começa daqui a pouco.... tenho que decidir por onde começo...
Beijos aos que passam por aqui...
ps. Estou no twitter... http://twitter.com/carolvalis

12.6.09


Cansei.....Cansei de ser profunda...
Acordei com uma necessidade extremamente absurda de ser rasa. Quero me afogar na superficialidade exposta nas vitrines dos shoppings, nas rodas dos carros e nas capa das Caras.
Quero me jogar de cabeça (e arrebentar o meu crânio) nos romances baratos, nas novelas, nos ícones fashionistas.
Quero repetir a sábia frase de Mrs Beckham: “é exaustivo ser fabulosa!!!” e pior.... quero acreditar nisso.
Toda essa minha profundidade cultivada durante anos de absoluta devoção ao artístico e ao filosófico me levou a um ponto onde ninguém quer me alcançar.... me afoguei em mim mesma.
Tenho pensado tanto e analisado tanto que esqueci de dedicar tempo pra viver. Sou uma viciada em procurar sentidos e razões e acabei esquecendo da existência do acaso.
Nada mais me surpreende e nada mais me seduz e o aspecto mais triste é que acabo não surpreendendo mais ninguém e sou tão sedutora quanto uma planilha de excel.
Tenho a necessidade de buscar o fundo da profundidade, meter os dois pés no chão e dar um impulso sem fim.... sem razão e ao acaso.
Preciso perder o medo da incoerência e da humanidade.
Preciso parar de pensar em tudo.
Preciro aprender que flutuar pode ser mais divertido do que ir ao fundo.
Preciso voltar ao raso, ao simples ao que é simplesmente gracioso mesmo não sendo significativo.
Preciso parar de racionalizar a diversão e começar a me divertir mesmo que sem razão.

17.9.08

Quem somos nós realmente?



Depois de uma conversa com um amigo fiquei pensando no quanto há de nós nas mentiras que contamos, nas fatos que fazemos questão em esconder, na imagem que montamos de nós mesmos.
A rápida conversa girou em torno da verdade em torno dos perfis falsos que as pessoas criam (no Orkut por exemplo) no intuito de deixar visível o que achem que deveria ficar escondido. Agora, o que é mais relevante em relação a isso? O que a pessoa esconde ou a necessidade que a pessoa sente em mostrar o que acha que deveria manter em sigilo?
Revelar seu “dark side” através de um fake acaba sendo criar uma mentira para revelar uma verdade. Verdade essa que fica escondida por algum motivo relevante... medo, vergonha, insegurança. Mas se revelar através de uma mentira como essa acaba sendo uma mentira para quem usa desse subterfúgio.
Aquela sensação de alívio por deixar disponível o que se pensa sem que quem pensa seja revelado.... (mais ou menos como esse blog)
Isso me leva a pensar no quanto gostamos de ser enganados!! (talvez mais até do que quanto gostamos de enganar...)
E não é preciso criar um fake num site de relacionamentos... criamos fakes o tempo inteiro nas nossas vidas.
Ninguém é o que parece, mesmo porque ninguém sabe realmente o que é.
Acho que pra não sofrer a gente cria aquele ser que vai receber os elogios, cria aquelas máscaras para esconder nossas vergonhas e sufoca aquele ser ridiculamente romântico num porão qualquer da nossa existência.
Mas cansa... certas dores simplesmente existem em nós, não adianta corrermos delas.
Nossos fakes são tentativas desesperadas de provar a nós mesmos que somos capazes de abstrair as tristezas e a reprovação. Por que é tão importante ser aprovado???? É uma busca meio imbecil e desmedida pela perfeição. Chegamos a um ponto tão patético que criamos personas perfeitamente condizentes aos nossos defeitos para que os defeitos tornem-se simples características. É uma confusão meio assustadora mas, ainda assim, mas confortável que a verdade.
E a verdade?
Talvez ela esteja na frieza desse mundo, no lado podre dos nossos desejos, nos fakes que inventamos e em como acabamos por acreditar neles. O problema é que mais cedo ou mais tarde a gente se trai, porque mesmo com esse medo todo de viver a entrega, carregar um personagem pode ser pesado demais.... e a gente fraqueja. E talvez a gente tenha medo de se entregar por um simples motivo: a gente não se tem. Na realidade nós não estamos aqui, estamos em busca de um lugar seguro do exato tamanho da nossa mediocridade e do nosso medo. E o perfume que usamos é a vergonha da nossa essência, e esse charme temperado com despretensão é puro medo de demonstrar nossas fraquezas.

E quem nós realmente somos??? Talvez sejamos simplesmente necessidade... e medo!

Quando as folhas coloridas do Central Park adornam as calçadas de Copacabana




Ou
Essa gente que insiste em procurar a redenção onde ela não está (mas onde pode ser vista com uma nitidez brutal)

Terça-feira, sessão das 18:30, pouca gente no cinema, ótima companhia e um filme que me pareceu dois.
É fácil entrar no cinema, assistir a um filme e gostar ou não gostar. Agora, entrar no cinema, assistir a um filme e não ter certeza... me deixa um tanto alucinada. E foi isso que senti ao final da sessão de Os Desafinados.
Momentos de um didatismo enervante seguidos de uma poesia simples (mas nem por isso menos encantadora). Uma breve, porém forte, referência a Ditadura Militar que é chocante principalmente porque nos mostra o quanto somos ignorantes sobre esse período da nossa própria história, ainda mais sobre o aspecto humano dos acontecimentos. Amores, paixões e música...
A trilha sonora é personagem, em momentos faz seu papel de acompanhar e dar emoção aos acontecimentos, mas em outros momentos é o próprio filme. Simplesmente se basta.
Sobre serem dois filmes em um...
O primeiro retrata uma história dos amigos que juntam o sonho da música com o sonho americano e encontram paixões sob os olhares das folhas coloridas do Central Park com momentos de fossa em pleno Rio de Janeiro. Um romantismo meio piegas mas envolvente.
O segundo é uma grande menção aos jovens que mudaram as suas vidas transformando a música brasileira. Alguns lançados ao estrelato e a maioria voltando ao anonimato ao chegar ao fim o movimento Bossa Nova. Um romantismo de idéias.
Os dois juntos causam aquela dúvida se é um filme alegre ou triste, se é realidade ou ficção, se é uma história de amor ou uma coletânea de desilusões ou simplesmente o retrato nostálgico e melancólico de uma geração.
Sendo tudo isso, ou quem sabe nada disso... sem dúvida nenhuma é um filme de vale a pena ser assistido (e analisado!) e acho que o timing foi perfeito... afinal, depois da exposição na OCA , foi como continuar no clima de celebração a esses artistas brasileiros que conseguiam como que num passe de mágica colocar toda poesia que existe num número incrivelmente pequeno de acordes.

De repente descobrimos que só andamos por caminhos previamente traçados e que até pra isso nossas pernas tornaram-se permanentemente reféns de escadas rolantes, elevadores e afins.
E aquela felicidade que tinham nos prometido e que estava prevista para os momentos de paz e harmonia junto com as pessoas que amamos foram trocados por coisas que o dinheiro pode comprar.
A plenitude virou sapato, bolsa, gadgets ou qualquer outra coisa que distraia a nossa atenção.E os amigos de festa tomaram o lugar dos bons amigos porque notamos que até os bons amigos desapareceram quando a festa acabou.
E gastamos as nossas vidas contando calorias, queimando gorduras, alisando cabelo, comparando as pessoas e seguindo padrões não fazem sentido e custam a infelicidade coletiva.Corremos na esteira indo a lugar nenhum...
Pedalamos uma bicicleta que não sai do lugar...
Gastamos horas no trânsito encarando a mesma paisagem sem nem mesmo notar que estamos parados!
Não sobra tempo para notar que nos alteramos, nos renovamos, nos inventamos e reinventamos pra conseguir acompanhar um mundo que não acompanha as nossas necessidades.
E quando procuramos alguém pra nos ouvir, só encontramos pessoas tão carentes de atenção quanto nós mesmos.
Quando procuramos um ombro amigo, encontramos mais uma cabeça a ser escorada.
Quando pensamos que finalmente chegou a nossa vez... descobrimos que a fila é imensa e que somos apenas mais um dos que querem mandar o mundo pra aquele lugar!!!